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Atualizado: 3 de ago. de 2022

Muitas vezes, pais de crianças com autismo sentem a necessidade de encontrar um tratamento que ajude seus filhos a realizarem seu potencial máximo e a viverem uma vida independente.

Isso pode levar as famílias a experimentar novos tratamentos que se dizem promissores, mas que não apresentam evidências científicas que apoiam suas alegações. Uma dessas intervenções é a dieta sem glúten e sem caseína (SGSC), que elimina o glúten (encontrado em produtos de trigo) e a caseína (encontrada em produtos lácteos) da dieta da criança.

Pesquisas mostraram que 17% das pessoas com TEA — Transtorno do Espectro Autista — usam alguma dieta especial, sendo a SGSC a mais popular delas, mesmo sem eficácia comprovada. Entenda melhor sobre as dietas no autismo, neste artigo.

Dietas no autismo A causa do autismo ainda é desconhecida, o que leva os pesquisadores a considerarem possíveis fatores, sendo a dieta um deles. A estratégia de restrição alimentar para mudança de comportamento não é nova, existem pesquisas que datam da década de 1920.

A teoria do excesso de opióides ou “síndrome do intestino permeável” é uma das conceitualizações que sustentam o papel dos alimentos e das dietas no autismo. Propõe que os sintomas do TEA podem ser causados pela atividade excessiva de opióides e que crianças com autismo apresentam vazamento anormal dos intestinos (devido ao aumento da permeabilidade intestinal).

Tanto o glúten quanto a caseína são decompostos no intestino em propriedades opióides. Portanto, alguns pesquisadores sugerem que o vazamento anormal do intestino permite que os opióides passem para o sistema nervoso central aumentando a atividade opióide do cérebro e, por fim, perturbando a função cerebral.

Grande parte da pesquisa em torno das conexões biológicas do glúten, da caseína e os sintomas de autismo deriva de um artigo de Wakefield em que os autores sugeriram três ligações ambientais potenciais para o autismo:

  1. comportamento e variações no funcionamento gastrointestinal,

  2. autismo e a vacinação contra caxumba, sarampo e rubéola,

  3. autismo e deficiência de vitamina B12.

No entanto, devido a interesses financeiros dos autores não revelados, imprecisões significativas no artigo e o que foi demonstrado ser uma fraude deliberada, Wakefield e seus colegas foram considerados culpados de violações éticas e falsas declarações científicas. Os resultados da pesquisa foram rejeitados e o artigo retirado do jornal.

Dieta sem glúten e sem caseína (SGSC) no autismo A dieta SGSC (sem glúten e sem caseína) pode parecer um tratamento lógico para o autismo, já que elimina dois compostos com propriedades opióides. Se as pessoas com TEA tiverem níveis altos de opioides e aumento da permeabilidade intestinal, então a eliminação de alimentos com propriedades opióides deve diminuir a interrupção na função cerebral.

No entanto, essas diferenças gastrointestinais sugeridas em pessoas com TEA não são observadas de forma consistente, diminuindo assim o vínculo conceitual e científico entre a dieta SGSC e o autismo. As pesquisas sobre a restrição de glúten e caseína nas dietas no autismo são limitadas, apesar de sua popularidade como tratamento para o TEA.

Os proponentes da dieta SGSC sugerem benefícios em uma ampla gama de sintomas do autismo, com mudanças na interação social e nas habilidades verbais. No entanto, a eficácia da dieta é baseada em autorrelato de médicos, pais e educadores, e não em uma medição direta, limitando a validade dos resultados.

Os pesquisadores que investigam os efeitos comportamentais de uma dieta SGSC em crianças com autismo produzem resultados conflitantes. Algumas pesquisas sugeriram que a mudança de comportamento como resultado da dieta SGSC não ocorre imediatamente, mas após vários meses de exposição à dieta.

Dietas no autismo: custo financeiro e riscos à saúde Além da escassez de resultados de pesquisas que comprovem a eficácia da dieta SGSC, há outros fatores a serem considerados ao avaliar dietas no autismo, como o custo. Custa 242% mais caro comprar alimentos sem glúten, a diferença de preço varia de 32% entre as carnes a 455% entre sopas e molhos.

Além disso, submeter uma criança a uma dieta SGSC pode ser socialmente estigmatizante, pois ela não poderá comer a mesma comida que seus colegas e amigos. As dietas SGSC podem também trazer riscos para a saúde, devido à diminuição de nutrientes essenciais, como cálcio e vitamina D.

As crianças com TEA são mais propensas a ter problemas na alimentação, devido à rigidez comportamental que, muitas vezes, leva a uma preferência por comidas processadas e ao baixo consumo de vegetais e frutas.

Devido a essa tendência de ter uma dieta limitada, a dieta SGSC pode resultar em uma alimentação mais nutritiva e equilibrada, pois elimina alimentos com baixo teor de fibras ou alto teor de gordura e aumenta o consumo de frutas e vegetais.

Além disso, elimina a ingestão excessiva de produtos lácteos, que podem levar à constipação. É possível que uma mudança de comportamento positiva seja observada simplesmente porque a dieta é mais saudável e aumenta o bem-estar físico.

Agora, se a criança for alérgica a glúten ou a caseína, então a dieta SGSC pode ser considerada. Sem uma necessidade médica clara, até que novas pesquisas demonstrem uma forte relação causal entre a dieta SGSC e mudanças positivas específicas e mensuráveis no autismo, ela não deve ser usada para tratar este transtorno.

As mudanças na dieta devem sempre ser monitoradas de perto por um médico. Os pais que optam por usar este dietas no autismo devem pensar nos custos como dinheiro, tempo, avaliar os efeitos, estado de saúde da criança e estigmatização social, em relação aos benefícios incertos.




Fonte: https://institutoneurosaber.com.br Referências: DIAS, Ebiene Chaves; ROCHA, Jokasta Sousa; FERREIRA, Gabrielle Bemfica and PENA, Geórgia das Graças. Dieta isenta de glúten e caseína no transtorno do espectro autista: uma revisão sistemática. Rev Cuid [online]. 2018, vol.9, n.1 [cited 2021-01-12], pp.2059-2073. MONTEIRO, Manuela Albernaz; SANTOS, Andressa Assumpção Abreu dos; GOMES, Lidiane Martins Mendes and RITO, Rosane Valéria Viana Fonseca. TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA: UMA REVISÃO SISTEMÁTICA SOBRE INTERVENÇÕES NUTRICIONAIS. Rev. paul. pediatr. [online]. 2020, vol.38 [cited 2021-01-12], e2018262.




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Atualizado: 3 de ago. de 2022

Lei Berenice Piana é como é conhecida a Lei Nº 12.764, de 2012, que institui os direitos dos autistas e suas famílias em diversas esferas sociais. Por meio desta legislação, pessoas no espectro são consideradas pessoas com deficiência para todos os efeitos legais e, portanto, têm os mesmos direitos assegurados.

Neste artigo, explicamos mais sobre a origem e funcionamento desta lei e quais direitos ela garante às pessoas autistas e suas famílias.

Quem é Berenice Piana?

O nome da legislação é uma homenagem à militante e ativista brasileira Berenice Piana. Co-autora da lei, ela é mãe de três filhos, sendo o mais novo com autismo.

Empenhada em lutar pelos direitos das pessoas com autismo e de suas famílias, Berenice ficou conhecida por diversas iniciativas, como a idealização da primeira clínica Escola do Autista do Brasil, criada na cidade de Itaboraí (RJ). Além disso, ela também participou da elaboração de leis em defesa dos autistas em diversos municípios e estados brasileiros.

Seu ativismo ainda lhe conferiu algumas honrarias, como o título de Embaixadora da Paz pela ONU e União Europeia e título de cidadã Anapolitana por sua luta em prol da pessoa com autismo no Brasil.



O que a Lei Berenice Piana garante às pessoas com autismo?


Ao determinar que pessoas com autismo têm os mesmos direitos assegurados às pessoas com deficiência, a Lei Berenice Piana garante que aqueles que estão no espectro e suas famílias possam utilizar todo o serviço oferecido pela Assistência Social no município onde reside, além de direito à educação com atendimento especializado garantido pelo Estado.

Por meio da legislação, ainda é assegurado o acesso a ações e serviços de saúde, como:

  • Diagnóstico precoce,

  • Atendimento multidisciplinar,

  • Medicamentos,

  • Informações que auxiliem no diagnóstico e intervenções.

Em outros âmbitos, também são assegurados à pessoa com autismo:

  • Acesso à educação,

  • Acesso ao ensino profissionalizante,

  • Acesso à moradia,

  • Acesso ao mercado de trabalho,

  • Acesso à previdência e assistência social.

Atendimento preferencial

O atendimento preferencial em supermercados, farmácias, padarias e outros estabelecimentos comerciais também está previsto na Lei Berenice Piana.

Segundo a legislação, esses locais podem usar o símbolo formado pela fita de conscientização com quebra-cabeças para indicar a prioridade no atendimento às pessoas com TEA.


Da mesma forma, as famílias também podem solicitar o adesivo de pessoa com deficiência para estacionar em vagas determinadas para PCDs.

Desde sua criação, a Lei Berenice Piana recebeu algumas modificações com a criação de novas legislações, como a Lei Brasileira de Inclusão (Nº 13.146) e a Lei Romeo Mion (Nº 13.977). Conheça mais sobre os direitos dos autistas no blog.








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Atualizado: 3 de ago. de 2022

O autismo é um transtorno de desenvolvimento que pode acarretar em dificuldades motoras, de comunicação e socialização. Os sintomas variam entre cada pessoa autista, mas alguns fatores em comum precisam ser difundidos para que o transtorno seja identificado e adaptações e estímulos necessários ocorram.



Para abril, mês oficial de conscientização sobre o autismo, é importante quebrar o estigma, difundir conhecimentos e trabalhar para que a inclusão total de pessoas autistas esteja cada vez mais próxima.

Autismo pelo mundo

Estima-se que a incidência do autismo pelo mundo seja de 1 em cada 68 crianças, de acordo com pesquisas realizadas pelo governo americano. No Brasil não existem estatísticas oficiais, mas o censo do IBGE passou a incluir a classificação do autismoa partir de 2019.

Os casos têm crescido nas últimas décadas, mas é importante notar que há dois fatores envolvidos. Em primeiro lugar, hoje o diagnóstico é mais completo e as famílias ficam mais atentas aos sinais. Em segundo lugar, fatores externos ainda desconhecidos podem influenciar os números. De qualquer forma, o acesso à informação sobre o autismo permitiu que muitas pessoas fossem diagnosticadas, enquanto antigamente essas pessoas eram excluídas da sociedade.

Sinais do autismo

O Transtorno do Espectro Autista (TEA) não se manifesta da mesma forma em todas as pessoas. No entanto, pais, familiares e educadores podem notar certos padrões característicos que apontem para esse transtorno. Muitos deles se apresentam ainda na primeira infância e devem ser investigados.

Existem algumas características principais que indicam a possibilidade de a criança ser autista, de acordo com a Associação Nacional do Autismo, nos EUA: dificuldade com as interações sociais; comprometimento cognitivo; dificuldade de comunicação; e comportamentos repetitivos.

Alguns comportamentos chamam a atenção. Dificuldade em manter contato visual com a mãe durante a amamentação pode significar dificuldade em estabelecer o vínculo. Já as crianças que não demonstram estranheza com pessoas de fora de seu convívio podem ter outras dificuldades sociais.

Hipersensibilidade relacionada a sons, texturas, cheiros, luzes e outros estímulos: o estranhamento e a irritabilidade é comum em crianças autistas. Ainda que essa sensibilidade ocorra em crianças neurotípicas ou crianças com outros transtornos também, quando ela ocorre em excesso os pais devem prestar atenção.

A criança não ter vontade de brincar com outras crianças ou dificuldade de ficar imersa em jogos e brincadeiras também pode ser sinal do autismo. Atrasos na fala na primeira infância também merecem um olhar profissional.

Nenhum fator é decisivo e a criança não precisa ter todos os sinais para ser diagnosticada. Ao mesmo tempo, crianças com algum ou alguns desses sintomas não necessariamente são autistas. É por isso que o diagnóstico só pode ser feito por profissionais especializados.

Mitos sobre o autismo

A cultura e a sociedade desenvolveram muitos mitos em relação ao TEA. De forma geral, autistas são vistos como pessoas incapazes de formar vínculos, “estranhas”, menos inteligentes ou até mesmo geniais.

No entanto, pessoas autistas são pessoas e é importante acrescentar que, mesmo com os comportamentos relacionados ao transtorno, elas têm sua própria personalidade, facilidades e dificuldades.

O primeiro mito é em relação a emoções. As pessoas acreditam que os autistas não sentem emoções ou são incapazes de compreender os outros e ter empatia. Isso não é verdade: mesmo que expressem emoções de formas diferentes, autistas são capazes de sentir e reagir.

Os movimentos repetitivos (piscar, balançar cadeiras etc) podem sim acontecer como forma de aliviar estresse de pessoas autistas, mas nem todas se utilizam dessa tática. Sem contar que pessoas que não são autistas também apresentam esses comportamentos.

Dificuldades em comunicação e formação de vínculos podem aparecer, mas nem por isso é impossível se relacionar com pessoas autistas. As crianças, principalmente, podem acabar afastadas de colegas por ter dificuldade em interações, mas com os estímulos certos, elas podem – e devem – fazer amigos.

Assim como as pessoas que não são autistas, as pessoas autistas têm inteligências diferentes. Autistas não-verbais apresentam dificuldade no desenvolvimento da comunicação, mas não por isso são intelectualmente inferiores. Já crianças autistas com hiperfoco em determinado assunto não são geniais, mas crianças que merecem os estímulos adequados em sua educação.

E, principalmente: vacinas não causam autismo.

Como ser mais inclusivo

Autistas são parte da sociedade. Isso significa que são parte de turmas escolares, famílias, ambientes de trabalho, grupos de amigos, etc. Sendo assim, é importante trabalhar a inclusão em todos os círculos.

Vale ressaltar que o autismo não tem cura, mas um desenvolvimento diferente do padrão (neuroatípico) que exige algumas adaptações. Uma linguagem mais direta no lugar de figurativa em ambiente de trabalho facilita o diálogo.

Quebrar os estigmas ajuda crianças a serem parte mais pertencente de salas de aula, por exemplo. Se os colegas sabem que aquela criança não lida bem com estímulos sonoros altos, a brincadeira fica mais divertida.

O mais importante é aprender: aprender quais são os mitos em relação ao autismo, quebrá-los, criar espaços para que essas pessoas se sintam respeitadas e acolhidas e garantir que, na presença de sinais do autismo, uma equipe multidisciplinar trabalhe com a pessoa para garantir seu desenvolvimento cognitivo sem prejudicar a saúde mental.

Jade Autism

O Jade Autism desenvolve soluções terapêuticas e educacionais que, por meio da tecnologia, atinge crianças autistas, educadores, famílias e terapeutas. O app foi desenvolvido especialmente para estimular o desenvolvimento cognitivo das crianças.

No mês de abril, o Jade está trabalhando com parceiros na missão de divulgar informações sobre o autismo e contribuir para a abertura de um diálogo na sociedade sobre o tema e suas características. O Dia Mundial do Autismo foi criado pela Organização das Nações Unidas em 18 de dezembro de 2007 e é comemorado no dia 2 de abril.




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